domingo, 18 de abril de 2010

Seguradoras devem cobrir os danos causados pelos temporais


Alagamentos invadiram condomínios em Ipitanga
Após uma semana de enchentes e alagamentos, as vítimas começam a buscar soluções para os prejuízos trazidos pelas chuvas. Proprietários de imóveis e veículos com seguro podem solicitar às empresas a cobertura relativa aos danos causados pelos temporais.

De acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão que fiscaliza as seguradoras no País, os riscos causados por catástrofes naturais estão previstas na legislação que regulamenta os seguros de imóveis e veículos. A recomendação é clara: “Nos planos-padrão, a cobertura deve prever os riscos de submersão total ou parcial em água doce proveniente de enchentes ou de inundações”.

Para o coordenador técnico do Procon, Pedro Lepikson, a cobertura para imóveis é emblemática. “O seguro residencial é basicamente para cobrir essas situações de catástrofe, e praticamente todos os contratos oferecem a cobertura. Uma cláusula que restrinja esse direito seria considerada sem sentido e nula”, afirma.

Caso a apólice exclua este risco, o cliente deveria ser avisado no ato da assinatura do contrato. “O Código de Defesa do Consumidor determina que o segurado deve ser informado ostensivamente sobre qualquer cláusula que reduza o seu direito”, diz.

Para ter direito à cobertura, o cliente deve acionar a seguradora imediatamente. A orientação é que o segurado aguarde a vistoria da empresa antes realizar qualquer intervenção no imóvel. “O único caso em que a seguradora pode se negar a cobrir o dano é se ela comprovar que o titular contribuiu para ampliar os danos”, explica Lepikson. Eletrodomésticos e outros bens danificados no interior do imóvel não são cobertos.

Ao acionar o seguro, os clientes devem ficar atentos aos documentos exigidos pelas empresas. É importante apresentar os documentos pessoais e do imóvel e ainda comprovantes dos danos, como o relatório de vistoria, boletim de ocorrência, e até mesmo fotos.

terça-feira, 13 de abril de 2010

PRÓXIMA PARADA


Salvador entra no rol de cidades que apostam na mobilidade urbana, via BRT, sistema que usa ônibus de alta capacidade e corredores exclusivos.

O dia da recepcionista Vilma Borges, 36 anos, começa cedo. O despertador toca às 6h, quando ela inicia a corrida contra o tempo para ir ao trabalho. sai de casa, em Mussurunga – bairro situado nos limites da zona urbana e próximo ao aeroporto – às 6h30, pega o primeiro ônibus do dia até a Estação Mussurunga, onde embarca num outro que, agora sim, a levará ao seu destino final, um consultório médico situado na avenida antonio carlos Magalhães. chega por volta das 8h, se não enfrentar engarrafamento no trajeto.

Mas, nem de longe, o deslocamento é tão simples como pode sugerir a narrativa acima. na hora do pico da manhã, são quase 4,5 mil pessoas que buscam embarcar nos ônibus da Estação, enfrentando esperas de até meia hora,empurrões e pisadelas. Vilma e outros tantos passageiros disputam um assento. Previsivelmente, vencem os mais fortes. E, se a ida é tumultuada, a volta é ainda pior. Quando pode, ela sai do trabalho alguns minutos mais cedo para tentar pegar o ônibus das 18h, que lhe confere um retorno mais rápido. Desse horário em diante, as vias se tornam congestionadas e o tempo de viagem é uma incógnita. “Chego em casa, quando tenho sorte, às 20h. É muito cansativo!”, desabafa.

Com ligeiras variações, a rotina que a recepcionista vive de segunda a sexta-feira é a mesma de milhares de soteropolitanos que dependem do transporte público e realizam 1,6 milhão de viagens, diariamente, para desempenhar suas atividades cotidianas. segundo o superintendente do sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de salvador (sEtPs), Horácio Brasil, o sistema de transporte tem como suporte um tripé formado por operação, gestão e infraestrutura. “Quando um desses vetores não funciona corretamente, acaba afetando o todo”, pontua.

Obstáculos

Mestre em engenharia de transporte e atuando há quase 30 anos no setor, Brasil aponta que durante muito tempo a gestão não cuidou do transporte, acabando por afetar a infraestrutura da cidade. como resultado dessa negligência, o ônibus hoje enfrenta uma série de obstáculos, a exemplo de quebra-molas, semáforos desregulados e buracos na pista, o que dificulta ainda mais a operação, analisa Brasil.

Com aproximadamente três milhões de habitantes circulando por vias subdimensionadas para o atual volume de veículos, salvador já apresenta um trânsito saturado, entende o superintendente. “A solução é melhorar a qualidade do transporte público para estimular a classe média a utilizá-lo”, avalia. “assim, desafogam-se as vias durante a semana e os carros de passeio passariam a ser utilizados apenas nos finais de semana”, sinaliza.
E o que tem sido feito para desatar o grande nó que é a mobilidade urbana em salvador? Quando os proprietários de veículos deixarão o carro na garagem e passarão a utilizar o transporte coletivo? Para o arquiteto especialista em mobilidade urbana Francisco Ulisses Santos Rocha, chefe do setor de Planos e Projetos de Transporte da secretaria Municipal dos transportes e infraestrutura de salvador (setin), o maior incentivo à melhoria do trânsito e do transporte público na cidade está sendo a copa do Mundo de 2014. como se sabe, a capital baiana está entre as cidades brasileiras que sediarão o megaevento e, justamente por isso, pode se beneficiar com a implementação de grandes projetos – alguns dos quais em desenvolvimento desde 2005 – voltados para a melhoria da qualidade de vida dos soteropolitanos.

E que fique claro: engana-se quem pensa que apenas construir novas pistas e viadutos ou duplicar avenidas de vales sejam intervenções suficientes para dar fluidez ao trânsito de salvador, uma cidade com uma frota estimada em mais de 600 mil carros, já que, no entender de Francisco Ulisses, mobilidade se resolve com transporte público de qualidade, enquanto que os congestionamentos se resolvem com restrição ao uso do carro. Pensando nisso, a setin, a transalvador e técnicos do SETPS elaboraram a Rede Integrada de Transporte (RIT), um projeto que apresenta um novo olhar sobre o sistema de transporte público, priorizando o transporte coletivo através de vias exclusivas segregadas do tráfego em geral, valorizando o passageiro, a flexibilidade, rapidez e o baixo custo, e leva em conta o atual perfil da mobilidade na cidade, sem, no entanto, deixar de solucionar os principais pontos de congestionamentos da cidade.

A RIT e o BRT

A RIT envolve duas frentes: o investimento no transporte público, através da implantação dos corredores do BRT (o Bus Rapid Transit uma nova modalidade de transporte), e a expansão do sistema viário – construindo 40 km de novas vias e 38 km de duplicações – uma vez que as duas variáveis formam uma rede e dependem uma da outra para um bom desempenho. o projeto engloba ainda a modernização dos trens do subúrbio Ferroviário, a extensão do metrô até o bairro de Pirajá e toda a reformulação das linhas de ônibus já existentes, para permitir a integração entre os meios rodoviário e ferroviário de transporte.
lançado pioneiramente em curitiba- PR, o BRT está sendo implantado em mais de 100 cidades em todo o mundo.

O superintendente do sEtPs, Horácio Brasil, destaca o baixo custo de implantação como uma das vantagens do BRT, que tem uma logística muito parecida com a do sistema metroviário, do ponto de vista da rapidez e agilidade, embora ande sobre pneus, em vez de trilhos. Para viabilizar o BRT são necessários, em média, 10% dos recursos investidos num metrô. de acordo com o projeto apresentado, o sistema vai eliminar os 12 principais pontos críticos do trânsito de salvador – incluindo o já crônico engarrafamento da avenida Luiz Viana Filho, a Paralela.

Na frente

Dentre as cidades escolhidas como sedes da copa 2014, salvador é a que está mais adiantada no que se refere ao planejamento de trânsito e transporte público. A vantagem se deve ao fato de o projeto funcional da Rit ser anterior à decisão da Federação internacional de Futebol (Fifa), explica Francisco Ulisses, da setin. “O Projeto do BRt é um projeto para salvador e sua população, a escolha da cidade como umas das sedes dos jogos da copa 2014 veio contribuir para consolidar a sua viabilização financeira e implantação num prazo menor”, diz o técnico.

Uma boa notícia: já estão assegurados, até o momento, recursos do Pac copa da ordem de R$ 567 milhões para a implantação do corredor BRt aeroporto – acesso Norte, com integração do Metrô na Estação Acesso Norte. Prefeitura e Estado vêm se mobilizando para tentar ampliar o aporte financeiro visando à implantação
do trecho iguatemi-lapa. Resta torcer e esperar, até porque, alerta Horácio Brasil: “Para causar impacto no sistema é necessário que se tenha o trecho cruzado, que chamamos de x: aeroporto-lapa e calçada-Pituba”.
Na opinião do executivo, é preciso cuidado para que não se venha a ter um BRT incompleto, como o metrô, que, nos moldes atuais, não atende às expectativas de um transporte de massa. “o metrô de salvador só vai atingir a eficácia desejada quando chegar a cajazeiras”, estima. “Não podemos correr o mesmo risco com o BRT”.

As experiências demonstram que o BRt é uma saída economicamente viável eficaz. são Paulo, goiânia, Bogotá (colômbia), joanesburg (África do sul), guadalajara (México), londres (inglaterra),Nova York (Eua), são alguns dos grandes centros que já se renderam à excelência do Bus Rapid Transit. E salvador, em dois ou três anos, deve entrar para este seleto rol de cidades, em que personagens como a recepcionista Vilma Borges, aquela que mora em Mussurunga e trabalha na avenida ACM, tenham uma melhor qualidade de vida e não precisem passar até três horas diárias dentro de um ônibus lotado e preso em um congestionamento…

Experiências de sucesso


CURITIBA - Há 30 anos, a capital paranaense iniciou um sistema voltado para a necessidade da mobilidade e todos, valorizando menos os automóveis particulares. Hoje, cerca de 70% dos passageiros de curitiba tilizam o sistema de ônibus rápido para ir ao trabalho. Esse quadro se reflete no trânsito e na qualidade de vida dos curitibanos, que transitam em vias menos congestionadas, além de respirar um ar menos poluído. As estações são confortáveis, esteticamente atraentes e localizadas de forma estratégica.

BOGOTÁ - Até o final dos anos 90, Bogotá não tinha metrô ou qualquer outro transporte eficiente de massa. O sistema de ônibus sempre foi o mais utilizado na capital colombiana e, por isso, o sistema de ônibus rápido, aplicado pioneiramente em curitiba, serviu como modelo para modernizar o seu próprio sistema. lá, o BRT recebeu o nome de Transmilênio, e começou a ser construído em 2000. Hoje, já existe uma rede de 104 km, atendendo, por dia, aproximadamente 1,5 milhão de passageiros. o Transmilênio transporta mais passageiros por km/h, em um único sentido, do que 90% dos metrôs do mundo, a uma velocidade similar. um detalhe: um entre cinco passageiros tem carro em Bogotá, mas prefere utilizar o Transmilênio porque é um transporte mais rápido.

CHINA - Dentre os países que se renderam ao conceito BRt, a china talvez seja o que mais entusiasmo tem demonstrado na adoção do sistema. As condições locais, entretanto, não são exatamente as ideais, segundo a equipe do urbanista Jaime Lerner, no estudo avaliação comparativa das modalidades de transporte público urbano. de acordo com os técnicos, o sistema viário apresenta peculiaridades adversas, como as conversões permitidas na quase totalidade dos cruzamentos de avenidas e os semáforos possuem ciclos extremamente longos (até cinco minutos). “Para complicar ainda mais o quadro, a china – o segundo maior mercado de carros do mundo – incentiva a aquisição do veículo particular e veta oficialmente (em 2007) medidas de desestímulo ao uso do carro particular”, diz o documento, publicado em julho do ano passado. Apesar das limitações estruturais, pelo menos oito cidades chinesas de médio a grande porte já utilizam a modalidade: Beijing, changzhou, chongqing, dalian, guangzhou, Hangzhou, jinan e xamen.

MÉXICO - Implantado em março de 2009 em guadalajara, pelo presidente Felipe calderón Hinojosa, o BRT mexicano foi batizado de Macrobus e tem 16 quilômetros de extensão. segundo o engenheiro Wagner colombini Martins, autor do projeto de implantação da modalidade no México e em outros pontos do planeta,
em apenas dois meses de inauguração o Macrobus já transportava mais de 100 mil passageiros por dia. O corredor do Macrobus está situado na calzada independencia, uma das avenidas mais congestionadas
de guadalajara, e reduz o tempo médio de viagem no percurso em até 30%. Rapidez no deslocamento e redução nos índices de acidentes de trânsito são duas das vantagens associadas ao BRT mexicano, segundo avaliação da própria população, que hoje experimenta uma significativa melhoria em sua qualidade de vida. a linha de 16 km é a primeira das três previstas para a cidade, totalizando 81 km de extensão. O sistema deverá estar totalmente implantado em 2012.

ÁFRICA DO SUL – País sede da copa do Mundo 2010, a África do sul adotou o BRT para melhorar a mobilidade urbana nas nove cidades que sediarão os jogos do megaevento esportivo. O sistema tem grande extensão: só em joanesburgo (maior cidade do país), por exemplo, passa dos 300km de extensão, 50km dos quais implantados exclusivamente para a copa. Numa iniciativa ecologicamente correta, o sistema utiliza onibus articulados equipados com motores Euro-4 e sistema de recirculação de gases, o que reduz a emissão de poluentes. Na África do sul o BRT ganhou o nome de “Rea Vaya”, que traduzido para o idioma local sotho quer dizer “nós vamos” – uma clara alusão à universalização da mobilidade associada ao conceito do Bus
Rapid Transit.

Todos os dias é um vai e vem…

As várias modalidades do transporte público coletivo de Salvador

Valéria, Sussuarana, Palestina,Boca da Mata e Alto do Cabrito são nomes de bairros bastante comuns para quem anda de ônibus na cidade de Salvador. Mas, mesmo quem não vai com frequência a esses lugares, já se considera íntimo das localidades, de tanto ler os letreiros dos buzus. A intimidade é tanta que surgem até apelidos para os bairros: o Rio Vermelho se transforma em “red river”, Pituaçu (olha a rima!) em “Pituacivis”, Cajazeiras em Caja City e assim por diante. O certo é que, apesar dos investimentos em melhoria da qualidade do transporte por ônibus e do bom humor do baiano, está cada vez mais complicado se locomover pela cidade.

E os ônibus não são o único meio de transporte público coletivo disponível. Temos elevador, planos inclinados, barcas e trem, ao gosto do freguês. Porém,com o tráfego caótico de Salvador, está cada vez mais difícil chegar em casa mais cedo, não atrasar o encontro com a namorada, não deixar o filho esperando na escola, não pegar engarrafamento na Avenida Paralela. Com a responsabilidade de colocar ordem na caos, a Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador), órgão da Secretaria dos Transportes Urbanos e Infraestrutura do município, faz o que pode.

O transporte coletivo de Salvador tem passado por incrementos significativos nos últimos anos, diz Matheus Moura, superintendente da Transalvador. “Podemos citar a implantação da bilhetagem eletrônica, que permite ao usuário do sistema, sem acréscimo de custo, o acesso a uma rede integrada de linhas, ampliando exponencialmente a mobilidade da população; a instalação de câmeras de segurança nos ônibus, com a redução dos índices de assaltos a coletivos, a implantação dos “amarelinhos” (linhas de curta extensão interligando os principais bairros aos grandes corredores de tráfego), e a reativação da linha hidroviária Plataforma – Ribeira, ofertando um outro modal de transporte
à população”, afirmou.

Já para o futuro, Moura diz que a meta é trabalhar no sentido de ampliar a capacidade do transporte. Para isso, são dois os vetores propostos: “A implantação e o desenvolvimento de uma malha metroviária e do projeto de corredores exclusivos para ônibus nas principais vias de trajeto da cidade”, conclui.

sábado, 10 de abril de 2010

A população do mundo vai parar de crescer?

por Emiliano Urbim

"A batalha para alimentar toda a humanidade acabou. Nas próximas décadas, centenas de milhões de pessoas vão morrer de fome, apesar de qualquer plano de emergência iniciado agora. A esta altura, nada pode impedir o aumento substancial da mortalidade mundial", alerta Paul Ehrlich em seu mais famoso livro, publicado em... 1968. Pois é: a bomba populacional não estourou. Nos anos 70 e 80, a agropecuária aumentou sua produtividade e a taxa de natalidade despencou no mundo inteiro, levando ao quase consenso de que a população mundial vai se estabilizar em torno de 9 bilhões de pessoas ali por 2050 (ver quadro ao lado). E essa freada brusca vai transformar o mundo.

Um artigo de Jack Goldstone, publicado na última edição da revista Foreign Affairs, mostra que o importante não é tanto o tamanho da população, mas onde ela diminui e onde cresce, e aponta 4 tendências. A primeira já está em curso há muito tempo: em 2050, a maioria dos terráqueos vai viver em grandes cidades - e haja esgoto, hospital e ruas para tanta aglomeração. Outras duas dizem respeito aos países mais ricos: além de sua população envelhecer e diminuir, Europa, EUA e Canadá vão representar menos riqueza - apenas 30% do PIB mundial em 2050, menos que antes da Revolução Industrial.

Por fim, 70% do crescimento mundial deve se concentrar em países com maioria ou grande população islâmica. Ou seja, é bom Ocidente e Oriente Médio começarem a se entender, antes que o mundo fique pequeno demais para os dois.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Após denúncias de corrupção, Metrô de Salvador é alvo de CPI


O prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB): prefeitura quer concluir a obra do metrô no final do ano. MPF aponta superfaturamento de R$100 milhões
Guilherme Lopes
Especial de Salvador (BA)

Com obras iniciadas há mais de uma década e que estão atrasadas em pelo menos seis anos, a construção do Metrô de Salvador será objeto de uma CPI na Assembleia Legislativa da Bahia a partir da próxima semana. Segundo o requerente, o deputado estadual Elmar Nascimento (PR), o objetivo é investigar "um dos maiores escândalos de desvio de recursos na Bahia". A mulher do prefeito João Henrique (PMDB), a deputada Maria Luiza Carneiro (PSC), é uma das que assinaram o requerimento.

O projeto do Metrô de Salvador data de 1999 e teve suas obras iniciadas no ano 2000, sob responsabilidade do consórcio Metrosal, formado pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Siemens. No começo, a obra previa uma estrutura de 11,6 km que ligasse o centro da cidade aos bairros de Pau da Lima e Pirajá, dois dos mais populosos da capital, na zona norte.

Veja também:
» MPF-BA acusa construtoras de irregularidades em obra de metrô
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Contudo, inúmeras denúncias de superfaturamento e desvio de verbas feitas pelo Tribunal de Contas da União na última década, aliadas a cortes de repasses do Governo Federal e paralisação das obras, fizeram com que o projeto fosse cortado pela metade (agora serão 6km, a partir do centro) e empacasse.

Até o momento, a obra já consumiu cerca de R$ 1 bilhão dos cofres públicos para os 6km, bem mais que os cerca de R$400 milhões inicialmente previstos para todo o percurso. Um pedido de ação por improbidade administrativa contra o consórcio Metrosal feito pela Procuradoria Geral da República, em janeiro de este ano, calcula em no mínimo R$100 milhões o superfaturamento da obra.

Trem da Assembleia também retarda

Logo na estreia, um atraso: a lista dos nomes dos parlamentares da base governista que vão integrar a CPI deveria ter sido entregue na quinta (11) - o que não ocorreu. O presidente da casa, Marcelo Nilo (PDT), estendeu o prazo até segunda-feira, 15.

O motivo para o adiamento, segundo Nilo, foi que o líder da bancada governista na AL baiana, deputado Waldenor Pereira (PT), "precisou fazer uma viagem urgente" e não pôde entregar a lista. De acordo com a assessoria de comunicação do deputado Waldenor, ele "viajou para o interior no começo da tarde (de quinta), e desde então está incomunicável".

Nos bastidores, Nilo pretende um acordo com o PT e o PMDB, que decidiram não indicar ninguém. No mesmo dia em que foi aprovada a comissão, o líder do PT na casa, deputado Paulo Rangel, qualificou a CPI de "coisa sem nexo" e avisou que não indicaria nenhum deputado do partido para a comissão.

Segundo deputados da base aliada, a comissão deveria ser instalada na Câmara de Vereadores de Salvador ou no legislativo federal, em Brasília, pois a construção é gerenciada pela prefeitura com repasses do governo federal.

Pela proporcionalidade, de um total de 8, o PT tem direito a 4 deputados, enquanto a oposição fica com 2 e PMDB e PR com 1 cada. Caso não haja acordo entre Nilo, governistas e PMDB, caberá ao presidente da casa apontar quem participará pelo grupo aliado.

Segundo a prefeitura de Salvador, a previsão atual é que as obras sejam terminadas no fim de este ano, e o metrô passe a operar comercialmente no primeiro semestre de 2011.

Qual é a menor cidade do Brasil?

por Tiago Jokura


Em extensão, o menor município brasileiro é Santa Cruz de Minas (MG), com 3 quilômetros quadrados, e em população é Borá (SP), com apenas 804 habitantes. Para dar uma idéia do que isso significa, imagine, por exemplo, que, se houvesse uma maratona ao redor de Santa Cruz de Minas, os atletas teriam que dar seis voltas sobre o contorno da cidade para completar os 42 quilômetros regulamentares. Dentro do município de São Paulo caberiam praticamente 508 territórios do tamanho de Santa Cruz de Minas. Pelo critério populacional, a comparação é ainda mais impressionante: a população de Borá é quase 13 500 vezes menor do que a de São Paulo. E, para encher o Maracanã, teríamos que juntar os moradores dos 61 municípios menos povoados do país.